sexta-feira, 24 de abril de 2015

E lá vamos nós parte 2

Duas semanas após a alta tinha consulta para acompanhamento dos pontos, ele fez um teste para ver se a bexiga havia cicatrizado e nada. Na semana seguinte, sentia muita dor quando urinava, o médico percebeu que a sonda estava obstruída. Como resolver? Simples, tira aquela e põe outra, ah se não fosse a dor seria ótimo rsrs, quase morri de dor, pois já estava sensível e ainda teve que colocar outra, enfim resolveu, me mandaram tomar mais antibiótico por prevenção, tudo o que não precisava era uma infecção de urina ou na bexiga. 
A ansiedade em tirar as sondas me consumia, mas não podia forçar a barra, afinal a bexiga é um órgão sensível e de difícil cicatrização, ainda mais com um indivíduo em estado de diabetes como eu, onde o processo de cicatrização é mais lento. 
Me vi livre de uma sonda com um mês e meio depois da cirurgia, mais ou menos, que alívio, não conseguimos dar valor as coisas simples da vida até não podermos executá-las. Ainda não podia urinar normalmente, pois tinha uma sonda restante, a da cistostomia (que estava pela cicatriz, direto na bexiga). Quando mais água eu tomasse, mais rápido seria o processo, segundo meu médico, então eram 3 litros (três litros) diários, religiosamente, nunca em minha vida tinha bebido tanta água. As vezes vazava urina pela uretra, uma pouca quantidade, que a sonda não dava conta.
Cerca de uma semana antes da Páscoa, meu médico decidiu tirar a sonda, acreditem eu não deixei, preferi ir um passo por vez, e então tiramos o saco coletor e amarramos a ponta da sonda, dessa forma eu começaria a fazer xixi sozinha. Eu tive medo e muito de de repente sobrecarregar a bexiga e precisar operar de novo.
Ah nunca senti tanta falta de um saco coletor na vida!!! Toda hora no banheiro, literalmente, até que percebi que a vontade de ir ao banheiro constante era pressão que a sonda fazia na bexiga e comecei a segurar mais e perceber que tinha que reaprender a urinar, pois com o tempo de sonda, o esfincter estava com preguiça de fazer seu trabalho, que era segurar urina. Na véspera da consulta percebi que dependia de mim isso, que tinha que fazer exercícios musculares para reativar o músculo preguiçoso. Então pedi mais uma semana ao médico para treinar e então tiraríamos a sonda, e foi o que aconteceu. Quando ele tirou a sonda há duas semanas atrás percebi que estava como uma criança saindo das fraldas. Não é fácil... requer muita paciência, treino, muita paciência de novo, rsrs.
Em meio a essa saga toda ainda tive que lidar com uma dieta bem restrita de carboidratos e açúcares para controlar diabetes, e tomando metformina. Jesus Cristo porque ainda fabricam esse medicamento??? Na maioria dos casos, indicado para pacientes obesos que necessitam de medicamento para controlar a taxa de glicose. Só que um grande efeito colateral: diarreia, mas não é uma qualquer, é a diarreia. Toda vez que sentia vontade de ir ao banheiro já começava a chorar. Sem brincadeira, precisei usar pomada contra assadura pois estava muito difícil aguentar a dor. Agora com a glicemia já mais controlada resolvi tentar outra medicação porque não aguento mais, rsrs.
Agora estou aprendendo a controlar o esfincter e vendo realmente melhorar a olhos vistos. Dia 8/5 tenho consulta para definir continuidade ao tratamento. Pois não quero nem ouvir falar de operar de novo rsrs. Abaixo listo alguns passos do que foi preciso para minha recuperação.
Todos sabemos que a recuperação depende de alguns fatores:
1) médicos e remédios eficazes: Os meus foram os melhores possíveis. Médicos atenciosos, na medida do possível, que na maioria das vezes escutavam as queixas e procuravam melhorar as condições;
2) boa alimentação: Não posso dizer que fui bem alimentada no hospital, todos sabemos como é ruim a alimentação lá, não pelo equilíbrio da comida, mas pela manipulação. Não é porque estamos doentes, com restrições que temos que comer lavagem (misericórdia). Em casa minha alimentação foi bem balanceada, com fibras, proteínas, diminuindo carboidratos;
3) cuidados especiais: Meu amado marido, mais uma vez me ajudou muito, me ajudava a tomar banho, fazer curativo, me vestir, fazia comida e cuidava da casa, esse carinho vai ficar registrado pra sempre em minha memória. Não posso deixar de agradecer minha mãe, minhas tias Marilda e Jane por ajudarem com as compras e contas, isso também vai ficar marcado eternamente;
4) repouso: Meu Deus, como foi difícil, não podia fazer nada, só saía da cama e ia para a sala (afinal com duas sondas era complicado tentar fazer alguma coisa), dormia muito ao longo do dia e da noite também, rsrs;
5) pensamento positivo: Admito que essa é uma das fases mais difíceis, quando estamos com dores, com adversidades, a tendência é se deixar levar pelo lado negro da força...E mais uma vez fui salva pelo dom que o Rodrigo tem, de ver sempre o lado positivo em tudo, sempre extrair o melhor do pior acontecimento.
Claro que tudo que coloquei nesses dois posts foram resumidos, mas agora quero voltar a escrever sobre nós mulheres, vou começar a fazer algumas resenhas de produtos de beleza, falar sobre comportamento (masculino e feminino), enfim seguir a vida. Beijos e até a próxima.



sexta-feira, 17 de abril de 2015

E lá vamos nós

Não tenho como colocar aqui, em palavras, tudo que passei, desde a última postagem até agora. Medo, insegurança, dores, desconforto... É ele voltou e foi tão depressa que não deu tempo de assimilar tudo... Todos tem seus altos e baixos.
Em meados de dezembro aguardava o resultado de uma biópsia que um de meus anjos resolveu fazer, pois estava com um sangramento estranho e ele sentiu uma espécie de coágulo. Pois bem, quando voltou a biópsia, era câncer de novo, até então não sabia se era o mesmo tipo do da primeira vez.
Meu mundo havia desabado, pela segunda vez, achei que tinha sido ruim o primeiro diagnóstico, mas isso só porque não tinha passado pelo segundo... Quando a Dra. Vanessa virou e me disse que grande parte da recuperação, dependeria do meu estado de espírito, que eu precisava me acalmar, para passar por tudo de novo. Mal sabia eu o que me aguardava. 
A cirurgia foi marcada para o dia 19/01 e dessa vez foram pontuais, 07h. Na sala de cirurgia enquanto me preparavam, os médicos olhavam os exames, quando escuto "eu sabia que devia ter marcado consulta pra ver os resultados antes", na hora me desesperei, pensei "pronto tô morta". Perguntei o que tinha acontecido e as médicas me explicaram que minha glicose estava alterada (300) elas não sabiam se o Dr Juliano iria querer operar mesmo assim. Pediram para a enfermeira medir na hora pra ver se de repente não era algum erro, e deu 302. Comecei a ter uma sensação ruim, mas os médicos logo se posicionaram e começaram a cirurgia.
Para variar não podia ser simples, abrir tirar o que precisa, consertar a hérnia, costurar e pronto. No meio do procedimento eles me acordaram da anestesia para explicar o que estava acontecendo e pedir autorização para executar. Na primeira cirurgia foi retirado útero, ovários, trompas e parte do Cólo de útero, e com isso os órgão vão se acomodando no espaço "vazio", pois minha bexiga resolveu de se "acomodar" onde o câncer voltou. Isso quer dizer que eles tiveram que cortar um pedaço da minha bexiga, o Cólo de útero restante e um  pedaço do tecido interno da vagina. O procedimento cirúrgico demorou mais de seis horas, e sentia muita dor, tive que tomar morfina e com isso mais horas em observação. Voltei para o quarto eram mais de 21h. 
Quando acordei e percebi o que acontecia, estava com duas sondas, uma na uretra e outra pela cicatriz. Minha pergunta: Pra que tanta sonda? E os médicos me explicaram o que tinha acontecido (claro que não lembrava nada) a bexiga não pôde ser suturada, pois estava na parte posterior, eles tiveram que retirar um pedaço de gordura do meu abdome (ainda bem que tinha de sobra) para selar a bexiga, por isso duas sondas, a bexiga não podia inflar, ou teria que fazer outra cirurgia. 
Não consegui levantar da cama sozinha, nem tomar banho, nem nada, fiquei uma semana internada à base de soro e antibióticos, toda hora vinha alguém me furar, pra ver se estabilizava a glicemia, para dar anti-coagulantes, por uns três dias fiquei sem comer, e nem beber água, e nem nada. Quando finalmente me liberaram uma sopa a cozinha mandou uma que não era o tipo ideal para uma pessoa que passou pela cirurgia que passei, conclusão: vomitei tudo e acabei ficando mais um tempo em jejum, quando liberaram dieta hídrica (água e gelatina) e aos poucos fui melhorando. 
Até que finalmente tive alta, um dos dias mais felizes, para registrar segue foto abaixo.
Semana que vem continuo contando como está sendo ainda minha recuperação.